segunda-feira, 24 de agosto de 2009

IAC realiza IX Curso de Atualização em Café nos dias 25 e 26 de agosto


Por Carla Gomes – IAC



Quem pensa em café, lembra-se logo daquele aroma irresistível, capaz de atrair apreciadores por mais distantes que estejam do bule. Na pior das hipóteses, um café fresquinho melhora qualquer momento do dia. Mas na verdade, o cheirinho que rompe barreiras é apenas um dos atributos no conjunto de qualidades da bebida. Os pesquisadores do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, explicam que a qualidade sensorial da bebida de café é descrita por um conjunto de características que envolvem, além do aroma, corpo, acidez, amargor, sabor, sabor residual e qualidade global. E mais: cada um desses atributos sensoriais decorre da composição química do grão torrado. Aliás, o grão de café tem uma composição química enquanto o fruto está na planta, outra composição quando está cru e beneficiado e uma outra, diferente, quando está torrado. Ou seja: um café gostoso é bem mais complexo do que pode um apreciador leigo imaginar. Para falar desses e de tantos outros fatores que influem na qualidade e na produtividade do café, o Instituto Agronômico irá realizar o IX Curso de Atualização em Café, nos próximos dias 25 e 26 de agosto, às 8h, na sede do IAC, em Campinas.

De acordo com os pesquisadores, os estudos, as observações em campo e os resultados dos diferentes concursos nacionais e internacionais têm indicado a tendência de certas condições de produção de café cru favorecer a qualidade da bebida. Por exemplo, há um conhecimento bastante difundido de que os cafés de regiões altas são melhores, assim como há quase unanimidade no reconhecimento da superioridade da variedade Bourbon. Mas essa relação é bastante complexa. Nesse cenário, o Centro de Café do IAC e a BSCA (Brazil Specialty Coffee Association) uniram esforços para conduzir um estudo inédito considerando o efeito simultâneo de 28 variáveis relacionadas às condições de produção do café cru sobre a qualidade sensorial da bebida. O objetivo desse trabalho foi verificar o conjunto de condições mais adequado para a produção de cafés com bebida de alta qualidade.

Todos os palestrantes do curso são pesquisadores do Instituto — equipe que confere ao Estado de São Paulo potencial para oferecer a profissionais da cafeicultura de todas as regiões produtoras brasileiras as informações mais experimentadas sobre resistência a doenças, qualidade, ambientes de produção, custos de produção e outros aspectos relevantes da cultura.

A respeito do melhoramento da cultura visando à resistência a doenças, serão abordadas as principais doenças que ocorrem nos cafeeiros do Brasil, como ferrugem alaranjada, cercosporiose, mancha aureolada e mancha de phoma. Segundo os pesquisadores do IAC, apesar das perdas estimadas pela ação da ferrugem nos cafezais serem grandes e variarem de região para região, uma parte dos cafeicultores não utiliza o controle químico adequado. Os pesquisadores chamam a atenção para a importância de desenvolver variedades rústicas com alta capacidade produtiva e com resistência à ferrugem, já que o custo do controle sempre onera o cafeicultor.

Na palestra sobre custos de produção, serão abordados as novas técnicas de produção que o agronegócio do café brasileiro adotou na última década, como preparo pós-colheita, industrialização e comercialização, com destaque para o lançamento de materiais geneticamente superiores, adensamento, mecanização da colheita, utilização da irrigação e difusão das boas práticas de colheita e pós-colheita. Esse conjunto tem impactos positivos sobre a produtividade, competitividade e qualidade final do produto.

De maneira geral, todas as palestras convergem para a qualidade e produtividade necessárias para o setor se manter competitivo. Nas apresentações ainda serão abordados o café naturalmente descafeinado, em desenvolvimento no IAC e as ferramentas genômicas no melhoramento do cafeeiro. Vale ressaltar que a relevância de um segmento tem amplo reflexo social — a cafeicultura emprega cerca de sete milhões de pessoas. “A nona edição do evento reforça o empenho do IAC em transferir todo o conhecimento científico minuciosamente construído no decorrer das décadas, alinhavado às demandas atuais e oportunidades modernas”, diz Marco António Teixeira Zullo, diretor-geral do IAC, instituto da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento.

Com o Curso, o IAC espera levar para o setor, além de tecnologias, a segurança de que a ciência segue ativa na busca por soluções a questões que surgem constantemente. As notícias sobre a entrada no Brasil de café colombiano ou sobre a queda na receita dos exportadores, apesar do aumento do volume das exportações, não podem ser impactantes o suficiente para abalar o setor nacional. Porque o Brasil reúne, muito graças ao IAC, a melhor base de sustentação agrícola do mundo.



SERVIÇO

IX Curso de Atualização em Café

Data: 25 e 26 de agosto de 2009, a partir das 8h

Local: Sede do IAC, em Campinas, avenida Barão de Itapura, 1481, Guanabara.

Fone: 19-3231-5422, r. 171

Programação completa: Acesse http://10.5.130.7/Eventos/CafeProgramacao.htm

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